Atrasado, Temer repudia estupro e cria ala da PF de crimes contra mulher

(Foto: Divulgação)
No dia seguinte à repercussão negativa por não ter se pronunciado prontamente sobre o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Rio de Janeiro , o presidente interino, Michel Temer (PMDB), divulgou nota nesta sexta-feira (27) repudiando o ocorrido.
O peemedebista classificou como um "absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com crimes bárbaros como esse" e anunciou que o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) convocou uma reunião na terça-feira (31) com secretários de segurança pública do país para tomar "medidas efetivas para combater a violência contra a mulher."
Gabriel de Paiva - 26.mai.2016/Agência O Globo
Adolescente, vítima de estupro coletivo, deixa hospital ao lado da mãe, no Rio
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"Repudio com a mais absoluta veemência o estupo da adolescente no Rio de Janeiro. É um absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com crimes bárbaros como esse", disse.
A ausência de um posicionamento do presidente interino gerou críticas na redes sociais. A Folha entrou em contato nesta quinta-feira (26) com a equipe do peemedebista, que não se pronunciou. A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) usou o Twitter para falar do assunto no mesmo dia. "Mais uma vez, reafirmo meu repúdio à violência contra as mulheres. Precisamos combater, denunciar e punir este crime", escreveu.
Para o ministro da Justiça, "o estupro representa a maior violência à dignidade da mulher e deve ser duramente reprimido". A ausência de um posicionamento do presidente interino gerou críticas na redes sociais. AFolha entrou em contato na quinta-feira (26) com a equipe do peemedebista, que não se pronunciou.
O presidente interino disse ainda que criará um departamento na Polícia Federal para crimes contra mulheres, que agrupará agrupar informações estaduais e coordenará ações em todo país. "Nosso governo está mobilizado, juntamente com a secretaria de segurança pública do Rio de Janeiro, para apurar as responsabilidades e punir com rigor os autores do estupro e da divulgação do ato criminoso nas redes sociais", disse.
Desde a noite de quarta-feira (25), o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática apuram denúncia de um estupro coletivo em uma comunidade no bairro da Praça Seca, na zona oeste da capital fluminense.
CASO
Polícia Civil já pediu a prisão de quatro homens após a abertura de inquérito para identificar 33 suspeitos. A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24). Entre os quatro suspeitos identificados estão dois rapazes que divulgaram imagens da menina na internet; os outros dois teriam praticado abusos. O garoto com quem ela se relacionava também teve a prisão pedida. Os suspeitos têm entre 18 e 41 anos.
Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.
vítima depôs à polícia na madrugada desta quinta (26) e contou que saiu de casa no sábado (21), à 1h, para ir à comunidade da Barão, em Jacarepaguá. Lá, encontraria um garoto de 19 anos com quem estava "ficando" e a quem identificou como "Petão".
Os dois se conheceram no colégio há três anos. A jovem contou que, ao chegar na Barão, foi para a casa do rapaz, onde ficaram sozinhos. A partir daí, afirmou só se lembrar de ter acordado no dia seguinte, domingo, em outra casa.
Segundo seu relato, estava dopada, nua e sendo observada por 33 homens armados de fuzis e pistolas. A polícia suspeita que eles integrem a quadrilha de traficantes de drogas que atua na região.
Editoria de Arte/Folhapress
ONDE FOI O CRIME Caso é investigado pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio
REPERCUSSÃO
denúncia de estupro coletivo gerou fortes reações nas redes sociais, com manifestações de indignação e a convocação de protesto contra a violência sexual.
O estupro coletivo da adolescente também desencadeou um amplo debate sobre a existência de uma cultura do estupro no Brasil em sites de publicações pelo mundo. Órgãos de imprensa de diferentes continentes relataram a investigação do crime e a campanha massiva que tomou as redes sociais no Brasil.
A ONU Mulheres Brasil, um braço das Nações Unidas no país, também divulgou nota se solidarizando com as vítimas de estupro coletivo no país. A declaração cita, além do caso do Rio de Janeiro, um estupro ocorrido contra uma garota de 17 anos, no último dia 20 no Piauí.
A organização pede às autoridades brasileiras que não permitam a exposição social das vítimas. "À sociedade brasileira, a ONU Mulheres pede a tolerância zero a todas as formas de violência contra as mulheres e a sua banalização", diz a nota.
FAMÍLIA EM CHOQUE
Após o depoimento, a garota foi encaminhada a um hospital público no qual recebeu um coquetel de medicamentos para evitar doenças sexualmente transmissíveis. Também foi examinada no Instituto Médico Legal.
A família da adolescente, que é mãe de um garoto de três anos, soube do crime por meio de um vizinho, que telefonou após ver o vídeo na internet, na quarta (25).
"Chorei quando vi o vídeo. Choramos todos. Me arrependi de ter visto. Quando ouvimos a história, não acreditávamos no que estava acontecendo. É uma situação deprimente", afirmou a avó materna da adolescente.
"Ela não está bem. Está muito confusa. A coisa foi muito séria", afirmou. "Estamos muito fragilizados. O pai dela sofreu dois AVCs [Acidente Vascular Cerebral] no último ano", disse a avó.

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Autor Unknown

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